O radialista e narrador esportivo Willy Gonser morreu ontem (22) aos 80 anos de idade. Reconhecido por ter atuado por 30 anos como locutor dos jogos do Atlético-MG transmitidos pela Rádio Itatiaia, ele tem ainda em seu currículo passagens por emissoras gaúchas, paulistas e cariocas, entre elas a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que pertence à Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Willy estava internado em Belo Horizonte, onde fazia um tratamento contra pneumonia.
Nascido em Curitiba, filho de um alemão e uma paranaense, o radialista começou sua carreira em 1953 em sua cidade natal. Na Rádio Marumby, ele emprestou sua voz ao noticiário, às chamadas musicais e aos comerciais, até ter oportunidade em uma transmissão esportiva.
O vínculo de Gonser com o Atlético-MG começou em 1979, quando ele foi contratado pela Rádio Itatiaia. Caracterizado pela emissora como “o mais completo narrador esportivo do Brasil”, ele eternizou com a sua voz partidas memoráveis que emocionaram torcedores até 2009. Em reconhecimento ao seu trabalho e à idolatria de gerações de atleticanos, o clube mineiro lhe entregou em 2002 sua maior honraria: o Galo de Prata.
Antes de chegar à Rádio Itatiaia, o locutor passou pelas rádios Gaúcha (RS), Farroupilha (RS), Continental (RJ), Jovem Pan (SP), Bandeirantes (SP) e Nacional (RJ). Pelas diferentes emissoras, ele somou 11 coberturas de Copas do Mundo. E foi em uma delas que ele narrou o gol que posteriormente classificaria como o mais emocionante de sua carreira: o segundo de Ronaldo, na final de 2002, contra a Alemanha.
Rádio Nacional
Willy Gonser trabalhou na Rádio Nacional do Rio de Janeiro entre 1976 e 1978. Mas seu primeiro contato com a emissora foi em 1970, durante a cobertura da Copa do Mundo em que a Seleção Brasileira se sagrou tricampeã. Na época, ele trabalhava na Rádio Gaúcha, que encabeçava a rede CRC – Comando Radiofônico da Copa juntamente com a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a Rádio Nacional de Brasília e a Rádio Globo do Rio de Janeiro.
Durante a Copa disputada no México, a rede forneceu as transmissões para o maior número de emissoras em português em todo o mundo. Organizações semelhantes, mas com alcance menor, foram montadas por outras rádios. Os veículos ligados aos Diários Associados, por exemplo, se organizaram numa rede própria. Criar redes com três ou quatro rádios foi uma solução encontrada pelo governo brasileiro para lidar com o número limitado de frequências para transmissão a partir dos estádios no México.
Em 2015, o programa Todas as Vozes, da Rádio MEC, levou ao ar uma edição que resgatou dos arquivo da EBC trechos da final em que o Brasil goleou a Itália por 4 a 1. A partida foi narrada por Waldir Amaral, da Rádio Globo, e Jorge Curi, da Rádio Nacional. Os comentários foram feitos por Luiz Mendes, Mário Vianna, Willy Gonser e Paulo César Tenius.
Fim da carreira
No final de 2009, Willy Gonser desligou-se da Rádio Itatiaia e posteriormente anunciou sua aposentadoria. Ele vinha enfrentando problemas crônicos com a sua voz.
Em 2015, porém, o radialista voltou a trabalhar após aceitar um convite da Rádio Inconfidência, emissora pública vinculada ao governo de Minas Gerais. A nova experiência durou apenas seis meses, nos quais ele atuou como comentarista durante as transmissões de partidas e como apresentador do programa Observatório do Esporte.
Por meio das redes sociais, o Atlético-MG manifestou pesar pela morte do locutor. “Nossa imensa tristeza pelo falecimento do mais completo narrador esportivo do Brasil”, postou o clube. O rival Cruzeiro também ofereceu homenagem ao Willy Gonser, chamando-o de Alemão como foi carinhosamente apelidado por amigos. “O Cruzeiro Esporte Clube se solidariza com a família do Alemão e seus amigos de imprensa. Descanse em paz, Willy Gonser”, diz a mensagem.
FONTE: ISTO É