Incrédula, Pollyanna Andrade acompanhou em silêncio a goleada da Alemanha sobre o Brasil por 7 a 1. Acostumada a anunciar os placares dos jogos do Mineirão pelo sistema de som, a locutora oficial do estádio se limitou ao papel de torcedora após ser vetada pela Fifa para trabalhar na Copa do Mundo. Ao alegar a necessidade de utilizar equipe própria no evento, a instituição salvou Pollyanna do envolvimento com o maior vexame da Seleção em Mundiais.
Mesmo sorridente, a jornalista Pollyanna Andrade faz sinal negativo atrás do gol de Júlio César (foto: acervo pessoal)
Presente no Mineirão no dia da partida, ela se divide entre o alívio de escapar de anunciar os sete gols alemães e a vontade de trabalhar em um acontecimento histórico do futebol.
“São sentimentos contraditórios. Por um lado, mesmo sendo 7 a 1, seria um sonho realizado trabalhar em uma Copa do Mundo, independentemente do resultado. Por outro, não foi necessariamente um alívio, mas tem essa questão de não ficar marcada como a locutora do 7 a 1”, explicou a jornalista.
Funcionária do Mineirão há mais de 15 anos à época da Copa, Pollyanna se ausentou do ofício após a determinação da Fifa de manter um padrão de vozes masculinas nos estádios. Longe da cabine de locução, seu habitual posto de trabalho, acompanhou a partida contra a Alemanha no setor laranja do estádio, localizado atrás do gol de Júlio César no primeiro tempo. Mesmo com todo o conforto das cadeiras retráteis colocadas na arena após a reforma, a sensação de incômodo a acompanharia durante os 90 minutos. A visão privilegiada dos lances ofensivos dos alemães, com direito a cinco gols bem na sua frente, ficou gravada na memória da torcedora assustada.
FONTE: GAZETA ESPORTIVA