segunda-feira, 12 de março de 2018

Especialista em Marketing Digital enfatiza força do Rádio e da TV para as eleições


O diretor de Comunicação e Marketing da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcos Facó, especializado em marketing digital pela Universidade de Harvard, concedeu uma entrevista ao Estadão neste final de semana e enfatizou a força do Rádio e da TV nas eleições gerais deste ano. Segundo o especialista, as redes sociais não são capazes de eleger um candidato.

Segundo Facó, as agências de marketing criaram um mito em relação à força das redes sociais. “As agências de marketing e consultorias querem criar um novo mercado e ficam alimentando um mito em torno do poder das redes sociais em uma eleição. Elas são só mais uma ferramenta. Não têm o poder de eleger ninguém”, ressaltou o especialista.

Para ele, o grande problema de quem aposta no poder das redes é achar que o eleitor brasileiro é aquele que vive nos grandes centros. “O Rádio e a TV ainda são os melhores meios de penetração nos rincões do País. A comunicação é mais palatável e direta. A pessoa que não tem um grau de formação adequado também tem dificuldade em absorver informações escritas. Até os chamados memes precisam de um background cultural para serem traduzidos”, complementou. 

Ainda de acordo com Facó, nas redes sociais, o candidato fala apenas para quem “gosta” dele, já que o alcance é apenas para quem o segue. “Se você não prestar atenção, você só vai falar para quem gosta de você. Para os políticos alcançarem um retorno real nas redes sociais, eles vão precisar de investimento. Não existe horário eleitoral gratuito nas redes sociais. Para falar com quem não é convertido, os políticos e partidos terão que investir em posts pagos, por exemplo”, explicou.

O especialista ainda ressaltou que, mesmo com milhões de seguidores, a campanha pode não dar o resultado esperado. “Milhões de seguidores não quer dizer nada. Os maiores usuários de Twitter, por exemplo, são os jornalistas e pessoas ligadas ao mundo da comunicação. E ainda tem quem diga que o Brasil usa o Twitter. Nem o jovem usa tanto como se imagina. Esses posts que se espalham pelo WhatsApp, Facebook e Twitter são resultantes do trabalho de convertidos. Quem acessa esse material já é o eleitor desse candidato. O impacto em termos de conquista de voto é muito baixo. Não acredito no poder de transformar esse engajamento em voto”, ressaltou. 

Por fim, Facó falou sobre o “fake news”. “Tem o mito da fake news... Isso sempre existiu. Mas o que é fake news? Quando um candidato faz uma promessa que todo mundo sabe que não será cumprida, isso é fake news. Até que ponto a plataforma dos candidatos é verdadeira? Vai ser difícil fazer uma curadoria do que é fake ou não. A lógica é: se a fake news me é favorável, minha tendência é replicar; se é desfavorável, vou denunciar. Não vejo as pessoas querendo excluir as fake news. Elas querem excluir as fake news que serão desfavoráveis. Se você fala mal de mim é fake news. É o que o Donald Trump faz. Acredito que será uma campanha tão fake (falsa) quanto as fake news”, finalizou.

Com informações do Estadão


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