O jornalismo mudou, está mudando e vai mudar muito mais. Jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão estão descobrindo novos nichos. Para não ficarem trabalhando — de graça — para o Google e para o Facebook. A rádio Jovem Pan é um exemplo de percepção de uso adequado das novas (e, às vezes, nem tão novas) tecnologias. Os resultados são mais audiência e dinheiro na conta bancária — inclusive dos colaboradores.
Na edição da revista “Exame” que está nas bancas, a repórter Denyse Godoy, na matéria “Do rádio ao YouTube”, relata o sucesso da Jovem Pan — que se recusa a ser a Velha Pan. Tudo começou assim: o dono da rádio, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, comprou uma câmera de vídeo…. e logo começou a colocar programas em vídeo na internet. “Com 1,6 milhão de assinantes, a emissora tornou-se a maior empresa brasileira de jornalismo ao vivo no YouTube.” O Google aponta-a “como um exemplo de reinvenção de veículo da mídia tradicional”.
Radicalizando, a Jovem Pan se prepara para lançar a PanFlix, “uma plataforma online própria para suas atrações”, em maio deste ano.
"A grande sacada da Jovem Pan foi olhar o perfil da audiência e moldar o conteúdo para esse público”, assinala o gerente de parcerias estratégicas de conteúdo do YouTube, Phillipe Carrasco.
Tutinha frisa que “ideia era fazer uma TV Digital filmando o rádio. O sucesso de audiência nos encorajou a investir em vídeo”.
O grupo dirigido por Tutinha fatura 300 milhões de reais por ano. A participação da Jovem Pan é de 30%. “Com suas 82 afiliadas, a Jovem Pan atinge cerca de 2300 municípios. Em São Paulo, é a nona maior emissora, com um público médio de 61.286 ouvintes por minuto entre julho e setembro de 2018”, informa a “Exame”. Os dados são da Kantar Ibope Media. A produtora de filmes Vetor Zero, a organizadora de campeonatos esportivos BBL, a montadora de eventos Live e a empresa de animação Lobo têm participação de Tutinha-Jovem Pan. “A PanFlix é a nova aposta do grupo.”
A prova de que o projeto da Jovem Pan é consistente é o apoio que obteve para articular a PanFlix. “Parte dos 20 milhões de reais que a Jovem Pan vai gastar para colocar a PanFlix no ar veio de uma iniciativa global do YouTube e está sendo usada principalmente na construção de novos estúdios na região da Avenida Paulista, onde fica a rádio”, registra a “Exame”. “A PanFlix vai funcionar como a Netflix do grupo Jovem Pan, com vídeos para o espectador assistir na hora que quiser. Poderá ser baixada em celulares, computadores, tablets e smartTVs. Vai oferecer tempo extra dos shows já exibidos no rádio e atrações criadas especialmente para a plataforma, como mesas-redondas. Enquanto a aceitação é testada, não cobrará assinatura. A remuneração de quem apresentar ou participar da programação deve ser uma porcentagem da receita auferida com anúncios.”
FONTE: JORNAL OPÇÃO