A Rede Globo está em um processo judicial há oito anos sobre uma de suas grandes marcas: o eterno "Brasil-sil-sil", entoado nos jogos da Seleção Brasileira de futebol, assim como em outros esportes onde o país é representado nas transmissões. O sonoplasta José Cláudio Barbedo, que passou 30 anos de sua profissão na Rádio Globo, recorre pelo direito sonoro.
Para a emissora, segundo esclarece o processo, a vinheta pertence à emissora e ao locutor Edmo Zarife, já falecido. Em entrevista ao UOL, Barbedo comentou sobre a tão conhecida marca sonoro, que teira sido "produzido em uma tarde de domingo, em sua folga, em 1969.
"A vinheta é uma criação minha. O que você tem na vinheta é um sinal eletrônico misturado com a voz do locutor da época, chamado Edmo Zarife. Quem criou o sinal eletrônico, quem dirigiu o Zarife na locução, quem fez todo o processo da vinheta foi eu. Quando eu entrei com um processo contra a Globo, em 2011, eu descobri que a Globo registrou a vinheta em nome dela - contou ele, que é conhecido como Formiga entro das ilhas de edição.
Formiga ainda revelou seu rancor com a emissora, que reconheceu o desaponto não ser reconhecido pela criação.
- Injustiçado, claro. Melancólico, às vezes. Porque quando a vinheta toca, eu ouço a vinheta Brasil em diversas oportunidades, eu me lembro que eu não sou reconhecido financeiramente e nem como autor. Se eu não consigo ganho de causa, pode ser que essa vinheta, que vai ficar por aí, um dia eu desapareça, e as pessoas pensem que ela é uma criação de outra pessoa, de um CNPJ. Me sinto melancólico.
O sonoplasta revelou um pouco mais sobre todo o processo de criação daquele som. A marca sonoro teria sido feita com simplicidade.
Por incrível que parece o processo de criação foi rápido. Isso foi em 1969. O Mário Luiz, que era diretor de programação, queria que gente fizesse algo pra a classificação da seleção brasileira. Então, foi eu num domingo pra lá (Rádio Globo) e comecei a testar vários tipos diferentes de efeitos. Reverbe, eco e fiz o efeito original dele e gravei numa fita - explicou ele, e finalizou:
O (Edmo) Zarife chegou depois, entrou no estúdio, emulei a voz dele, alterei a rotação de máquina com durex, botei três gravadores juntos e passei por filtro e etc e tal. Até que falei: 'Ok, Zarife. Vamos lá. Fala aí, Brasil!'. Na terceira vez que ele falou 'Brasil', eu consegui o tempo de efeito. Achei bom e chamei ele. Ouvimos e estava pronto em quatro horas - revelou o ex-funcionário do Grupo Globo e que segue aguardando o processo caminhar na Justiça para buscar ter sua fama reconhecida.
FONTE: PORTAL TERRA | NA TELINHA | UOL