quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Agricultor do Oeste de SC mantém viva a tradição do rádio escuta


Em Xavantina, município de 5 mil habitantes, localizado no Oeste de Santa Catarina, um agricultor busca manter viva essa prática da comunicação.

Márcio Molossi, de 34 anos, mora na comunidade de Rio Claro. De dentro de um dos quartos da casa, o agricultor conseguiu ultrapassar continentes e alcançar lugares que só conhecia através de livros, da TV e internet: tudo isso usando a rádio escuta.

“Já conheci inúmeros países, como Cuba, Estados Unidos, Canadá, da Europa quase todos, alguns países da África, da Ásia, o Japão, a China, praticamente o mundo inteiro foi ouvido aqui”, disse Molossi.

A paixão pela rádio escuta teve início ainda na infância, com 10 anos, ouvindo através do único aparelho que tinha em casa. Com o passar do tempo, ele comprou outros equipamentos que ajudaram a aprimorar o hobby.

“Comecei com um rádio bem simples, o que podia comprar na época. Com o passar do tempo fui comprando rádio digital que tem uma perfeição melhor da sintonia e também uma qualidade melhor de áudio”, relembra.

Com o tempo, Molossi adquiriu experiência no assunto, pois, a sintonia é um verdadeiro exercício de paciência. Em pequenos ajustes, o agricultor consegue ouvir rádios da Alemanha e da Arábia Saudita.

“Com ondas curtas, grande maioria das emissoras trabalham em momentos do dia, tipo uma ou duas horas, algumas atuam 24 horas, mas são poucas. Então, neste tempo tenho que estar preparado para sintonizar a frequência e poder ouvir”.

Molossi diz que na América do Sul, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai continuam com ondas médias, principalmente emissoras estatais.

“O Paraguai tem uma emissora que chega forte aqui, principalmente a noite, a Rádio Nacional, muito boa de ouvir. Na Argentina tem a Rádio Nacional, sempre com boa sintonia. Ela é transmitida de Buenos Aires e chega no Brasil”, lembra.

Relatório

Além de acompanhar a programação, o agricultor produz um relatório que é encaminhado para a emissora. O documento detalha o que foi ouvido, o horário e a qualidade de sinal transmitida naquele momento.

“Se comunicamos através de e-mail ou cartas. Assim que a emissora recebe o material, às vezes eles demoram até três meses para responder e confirmar a escuta”, destaca Molossi.

Quando acha uma frequência desconhecia, o agricultor usa um aplicativo onde consegue descobrir a localização da rádio. Isso também ocorre através de grupos de WhatsApp, que reúne amantes da rádio escuta do mundo.

Ele afirma que gostaria de explorar outras frequências, mas, por morar no interior, o trabalho acaba sendo dificultado pela localização.


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