Com a pandemia do novo coronavírus diversas pesquisas apresentaram o aumento do consumo de rádio, isso devido a sua credibilidade e penetração. Além disso, o meio continua sendo o grande companheiro do ouvinte, acalmando com sua diversidade de conteúdo.
Para Marcelo Braga, diretor superintendente da Rede Mix de Rádio e TV, não houve um aumento de consumo de conteúdo local, mas uma busca inicial por informações sobre a doença e, em seguida, dos conteúdos de “conforto”. “Aqueles que trazem memória afetiva e a sensação de ‘controle’ neste momento de incerteza em que vivemos. Daí o crescimento acentuado no consumo de músicas antigas no rádio e nas plataformas digitais, por exemplo. Além disso, conteúdos específicos também tiveram grande crescimento de buscas. Posso citar o conteúdo infantil como exemplo, uma vez que as crianças dentro de casa precisam ser entretidas”.
Braga acredita que o conteúdo local segue com a grande relevância de sempre, em todas as plataformas, e dedicar espaço para informações e ações de interesse regional são importantes. “O equilíbrio entre as possibilidades de uma produção nacional de larga escala e a proximidade que só a informação local pode trazer, são preceitos fundamentais, dos quais nós não abrimos mão”.
Para Daniel Starck, diretor do portal tudoradio.com, é importante que o radiodifusor entenda a procura por informações locais para poder atender os interesses dos ouvintes. “Notícia é algo que não falta para a produção de conteúdo e o rádio acaba sendo um dos poucos meios em que as pessoas têm acesso ao que está acontecendo em sua região”.
A importância de estar atento às fake news é ressaltado por Rodolfo Amado Becker Xavier, gestor artístico da Mundo Livre FM. “É importante os radialistas continuarem atentos às fake news, ter o máximo de cuidado com as fontes e filtrar as notícias. Esse é um cuidado visto no rádio e que passa muita credibilidade. Enriquecer o conteúdo com mais notícias sobre os impactos e soluções frente a pandemia e prestar serviço para a população são fundamentais”.
Foco
Conteúdos generalistas são cada vez menos interessantes, na medida em que o consumidor encontra mais possibilidades de customizar sua experiência. “Isso vale não apenas para os veículos de comunicação e sim para todos os negócios”, lembra Braga.
Braga reforça que o rádio precisa entregar o que o ouvinte quer, além de atender às expectativas. “Enquanto éramos um dos únicos canais para a descoberta de novas músicas, por exemplo, funcionávamos como uma prateleira onde o consumidor buscava o que gostava no meio das opções oferecidas. Hoje, este mesmo consumidor já tem acesso a tudo pela via digital, logo, cabe a nós entregar para ele o que ele quer consumir em um dado momento ou estado de espírito, e embalado de uma forma que atenda à expectativa dele. É uma mudança e tanto”.
Daniel Starck acrescenta que na crise existe menos espaço para erros e os recursos são mais limitados. “Por isso é preciso entender quem é o público-alvo, trabalhar a programação para estar de acordo com a proposta da marca e identidade da rádio”.
O conteúdo e as vendas
Um conteúdo bem produzido potencializa a venda. Rodolfo lembra que o rádio precisa pensar em formas de contribuir com a retomada econômica. “Precisamos estar prontos e com ideias que sejam úteis para a audiência e estimule o anunciante. É indispensável estarmos sensíveis a esse novo cenário e propor projetos de fortalecimento para as marcas”.
Braga reforça que vender os comerciais de 30 segundos já não é a única solução para os clientes e, em muitos casos, tampouco é a melhor. “É primordial vender novas ideias. Nossos concorrentes não são apenas as demais emissoras de rádio, mas todo e qualquer player que busque a atenção dos consumidores e o investimento dos anunciantes”.
Ainda de acordo com Braga, o rádio tem a possibilidade de entregar o que outros entregam, porém com maior repercussão. “Temos a nosso favor uma plataforma de alto impacto e grande respeito, coisa que os demais ainda precisam pagar para ter”.
Confira algumas dicas de ouro sugeridas por Marcelo Braga, Rodolfo Xavier e Daniel Starck sobre o conteúdo no rádio:
É preciso atenção com a informação. Organize e faça uma triagem das informações vindas de órgãos regionais, prefeituras, aliado à participação dos ouvintes, para compor a prestação de serviço. Se sua rádio é musical e de entretenimento, é preciso entender qual conteúdo o ouvinte espera e adequá-lo ao seu formato;
Escolha seu público e compreenda suas necessidades antes de formatar seu projeto, e não o contrário. Definir um projeto e depois buscar quem o consuma é um atalho para o fracasso;
Preservar as mensagens próximas da realidade do ouvinte é muito importante, mesmo em um mundo onde as fronteiras da informação estão cada vez menos visíveis, onde as “amizades” virtuais estão espalhadas pelo mundo. Todos estão experimentando hábitos de consumo cada vez mais padronizados, não importando onde se esteja fisicamente;
Para aumentar a audiência a médio e longo prazo invista nos boletins jornalísticos locais, ações e eventos em sua cidade ou bairro, assim como comunicadores locais em horários específicos. Essas ações aumentam a percepção de “conforto” para o consumidor local;
A chamada “segmentação” não se dá mais por faixa etária, ou por tipo de conteúdo, mas pelo tipo de expectativa que queremos atender. Deixamos de ser proativos e nos tornamos mais reativos à demanda.
FONTE: AERP - Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná