No dia primeiro de setembro a Rede Transamérica anunciou uma parceria de conteúdo firmada com a recém chegada ao mercado brasileiro, CNN. A rede de televisão vai produzir conteúdo jornalístico para o rádio e utilizar todo a sua equipe com nomes conhecidos no jornalismo para executar uma programação de jornais e entradas ao vivo de notícias em primeira mão.
Este método utilizado pelas duas empresas se chama co-branding. “É uma parceria entre duas empresas que identificam uma oportunidade de criar produtos ou serviços exclusivos com o objetivo de impactar seus públicos-alvo em comum. Exemplos práticos são marcas de esporte e tecnologia, como Nike e Apple, marcas de luxo ou até de alimentos” explica Guilherme Conter, mestre em marketing.
Os ganhos atribuídos a este tipo de parceria são definidos pelas estratégias das empresas. Paulo de Paula Baptista, doutor em administração e professor do curso de Marketing da PUCPR afirma que “ao utilizarem duas marcas sobre o mesmo produto ou serviço as empresas aproveitam a notoriedade de ambas e ampliam a visibilidade. A união de duas marcas pode reduzir a percepção de risco pelos consumidores e ainda permite a associação de conjuntos diferentes pelo público, isso é especialmente vantajoso quando uma empresa que significa inovação e outra sustentabilidade, por exemplo”.
“Você pode ter uma redução de custos, aproveitar e capitalizar a capacidade do seu parceiro e otimizar os processos somando expertises. Outro ponto importante é o acesso a novos públicos, justamente porque está se somando forças, combinando tanto marca quanto questões mais operacionais. Ainda é possível inovar utilizando o co-branding pela soma de duas expertises e muitas vezes nessa combinação pode haver a criação de algo novo para o mercado que sozinho não seria possível fazer” afirma Juliano Ughini, mestre em international Management e head of strategy da Zooma Inc.
O que pode dar errado?
Especialistas afirmam que o co-branding pode ser uma boa oportunidade, mas é necessário um estudo de caso e uma percepção de ganhos e posicionamento das marcas. “A parceria entre a Lego, uma das líderes de segmento de brinquedos, e a Shell, uma das principais multinacionais de combustíveis, tinha objetivo de trazer realidade aos brinquedos. Inicialmente a parceria deu certo, porém anos depois o co-branding sofreu com acusações de irresponsabilidade ambiental praticada pela Shell, o que manchou a imagem da Lego e forçou a empresa a encerrar a parceria” destaca o doutor em administração.
Guilherme Conter afirma que “isso pode ocorrer quando falta um planejamento adequado sobre a recepção de um produto ou serviço novo pelos consumidores, ou então com mudanças de posicionamento das marcas ou até alguma polêmica envolvendo uma delas”, como é o caso da co-branding entre Lego e Shell. O especialista ainda pontuou que “parcerias jornalísticas devem tomar cuidado para que as linhas editoriais não sejam muito distintas, ou até mesmo que os conteúdos de entretenimento do veículo também não prejudiquem os princípios editoriais”.
Co-branding Transamérica e CNN
Em nota, as empresas falaram sobre a mais nova parceria entre veículos de comunicação vai gerar 7 horas diárias de jornalismo na rádio. “É com muita satisfação que agregamos o conteúdo jornalístico da CNN Brasil à nossa grade de programação, que agora se fortalece de maneira extremamente potente em notícias da maior qualidade e credibilidade. Estamos certos de que essa parceria será bem recebida por nossa audiência”, afirma Fábio Faria, diretor executivo da Rede Transamérica. “É mais um passo da nossa estratégia em consolidar uma marca multiplataforma. Nascemos e crescemos na TV e no digital e agora chegamos ao rádio. E estamos atentos a novas oportunidades no mercado”, diz o CEO e sócio-fundador da CNN Brasil, Douglas Tavolaro.
“Neste caso específico as duas marcas possuem grande notoriedade em meios de comunicação diferentes. E a presença da CNN na programação da Transamérica poderá trazer maior credibilidade e percepção de jornalismo de qualidade para a rádio. Juntas as duas marcas poderão levar rádios tradicionalmente posicionadas como canais de notícias, por exemplo, a bandnews e a CBN, a enfrentar um novo concorrente com muito mais apelo e maior valor de marca” destaca Paulo de Paula Baptista.
“Quando você traz um parceiro com um conteúdo e toda uma forma própria de apresentar, certamente vamos acompanhar um período de inovação e certamente teremos conteúdo inédito, integração de plataformas. A programação da CNN poderá ser adaptada para o formato rádio, como os programas de debate, é possível fazer esse fit mais estratégico”, explica afirma Juliano Ughini. O especialista ainda complementa afirmando que “aproveitar personalidades como apresentadores e locutores será outro ponto estratégico e que pode trazer bons resultados comerciais para a rádio Transamérica e a própria CNN”.
FONTE: AERP - Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná