» » A origem do grito de "gol" nas transmissões de Brasil e América Latina


 

Nada mais gostoso do que soltar aquele longo grito de gol do fundo do peito ao ver seu time de coração balançar as redes adversárias. Mas qual a origem deste grito apaixonado que é a marca das transmissões de futebol no Brasil e na América do Latina?

Apesar de o grito de gol ser uma tradição extremamente forte nas transmissões em todos os países de língua portuguesa e espanhola há muito tempo, seus primeiros registros são da década de 40, mais de dez anos depois de o primeiro jogo de futebol ser transmitido ao vivo no rádio brasileiro. 

Manoel Bittencourt Rebello Júnior, locutor da Rádio Difusora, na época, foi o primeiro a prolongar seu grito de gol até praticamente ficar sem fôlego, passando para todos os ouvintes um pouco da paixão dos torcedores, que comemoravam no estádio. 

"Quando se trata de narrar um gol no futebol, existe uma grande dose de arte envolvida", conta José Carlos Araújo, o Garotinho, da Rádio Transamérica, um dos grandes narradores de futebol no Brasil.

Ainda na Copa do Mundo de 1958, a primeira conquistada pelo Brasil, Max Gehringer já escrevia que todos os torcedores suecos no estádio recorriam a Edson Leite - outro lendário locutor do rádio brasileiro -, apenas para ouvi-lo soltar o grito de gol. Com isso, a tradição que surgia na América Latina aos poucos começava a se espalhar pela Europa.

Então, os narradores espanhóis também adotaram o grito, enquanto na Alemanha, as emissoras adaptaram a prática para seu próprio idioma, com um longo e sonoro “Toooor” (gol, em alemão). Nos Estados Unidos, o grito de gol também se popularizou nas emissoras espanholas com a chegada de Andres Cantor à Univision, para a cobertura das Copas de 1990 e 1994.

“É muito legal quando [os fãs] reconhecem você e começam a gritar com força na sua frente”, disse Cantor à CNBC. “Basicamente perdi minha identidade. Muitas pessoas dizem: ‘Ei, você é o Sr. Gol!’ Então tudo bem, podem mudar meu sobrenome de Cantor para ‘Sr. Gol'", completou.

É claro que gritar por tantos segundos, sem perder o fôlego e sem desafinar a voz, não é uma tarefa fácil. Até por isso, muitos locutores passam por aulas e treinos com profissionais para aperfeiçoar o grito ao mais alto nível.

"Isso é algo muito extenuante para a voz, então eu tive aulas de canto com a treinadora de Gloria Estefan [cantora cubana do Miami Sound Machine], explicou. “Às vezes, vivo o jogo com tanta paixão que um gol aos 90 minutos me deixa muito, muito cansado. Mas eu nunca cronometrei, só vou com a importância do gol que estou narrando".

Aqui no Brasil, a prática também tomou conta das transmissões na TV, principalmente com Galvão Bueno, que comparou o grito com o “dó agudo de um tenor”, que é uma das notas mais difíceis de se atingir e segurar. "É a sua maior conquista, ou o seu momento de derrota", destacou Galvão. 

E para tudo isso, a preparação deve ser séria, como conta Alex Escobar, também da Rede Globo. “Nos dias em que estou narrando, não bebo café”, disse o narrador. "E no dia anterior, eu não bebo álcool".

Depois de tanta história e tanta emoção, é praticamente impossível imaginar um jogo de futebol sem um sonoro grito de gol, ainda mais no Brasil.

FONTE: PORTAL GOAL | TERRA

Postado por César Oliveira

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