Tau Boötis b é um exoplaneta orbitando a estrela principal do sistema binário Tau Boötis, na constelação de Boötes. Ele é um planeta gigante (pelo menos quatro vezes maior do que Júpiter) e gira em torno de sua estrela no que é chamado de "órbita de tocha" — quando a distância entre os dois é menor do que um sétimo da que separa Mercúrio do Sol (por isso, além de altas temperaturas, especula-se que ele seja um gigante gasoso). Originalmente, chegou-se a pensar que Tau Boötis fosse uma anã marrom.
Para captar as ondas de rádio, a equipe liderada pelo astrônomo Jake D. Turner, da Universidade Cornell, usou o radiotelescópio holandês Low Frequency Array (LOFAR). Em 2018, os astrônomos começaram a investigar as emissões de rádio geradas por Júpiter e extrapolaram os valores para emular as de um gigante gasoso fora do Sistema Solar. Os resultados se tornaram um modelo para, varrendo o cosmos em uma distância entre 40 e 100 anos-luz, detectar exoplanetas.
Outras assinaturas
“Aprendemos com nosso próprio Júpiter como é esse tipo de detecção. Fomos procurar por outro e o encontramos”, disse Turner. Foram necessárias 100 horas de análises de observações de rádio para identificar a assinatura de Tau Boötes.
Outros exoplanetas conhecidos também foram investigados como possíveis fontes de rádio, como os sistemas 55 Cancri, na constelação de Câncer, e Upsilon Andromedae, na constelação de Andrômeda, com duas estrelas e quatro exoplanetas.
Somente as emissões de Tau Boötes foram significativas o suficiente para serem captadas e mesmo assim elas são fracas. “Resta alguma incerteza de que o sinal de rádio detectado seja do planeta. São necessárias observações de acompanhamento para termos certeza”, disse Turner.
Novo método de buscas
Para o astrônomo e astrofísico Ray Jayawardhana, um dos autores do estudo agora publicado no jornal Astronomy & Astrophysics, se os resultados alcançados forem confirmados, “essa detecção de rádio abre uma nova janela para encontramos exoplanetas, dando-nos uma nova maneira de examinar mundos alienígenas que estão a dezenas de anos-luz de distância”.
As explosões de rádio são provenientes do campo magnético do planeta. Na Terra, a magnetosfera nos protege do vento solar e dos raios cósmicos, tornando o planeta habitável.
Sem ele, a Terra seria calcinada. “Observar o campo magnético de um exoplaneta nos ajuda a entender seu interior e sua atmosfera, assim como sua interação com a estrela”, explicou Turner.
FONTE: TEC MUNDO