Utilizar os potenciais da própria localidade e da população é uma estratégia para gerar diferencial, engajamento, proximidade, confiança e credibilidade junto aos ouvintes.
Por Fernanda Nardo.
Produzir conteúdo local está no DNA do rádio. Quando uma emissora investe nesse tipo de conteúdo, tem maior chance de fidelizar os ouvintes, fortalecer o relacionamento com a comunidade e garantir programas mais atrativos que tenham a cara das pessoas da localidade.
O rádio é um meio próximo até quando ele opera em rede, afinal existe sempre a possibilidade de fazer com que o conteúdo acompanhe a pessoa no seu dia a dia, o que é muito comum nas cidades do interior. “Elas sempre têm aqueles pontos de encontro, onde se discute política e outros temas, e o comunicador quando chega nesses locais, é conhecido pela comunidade. Tem uma proximidade que é da natureza do rádio. Por isso, é importante uma estratégia de proximidade, que a emissora esteja presente nos fatos da comunidade, vá até a população, como nos dias de festa, onde a emissora se envolve, participa, faz promoções”, destaca o jornalista, escritor e professor de rádio da UFRGS, Luiz Artur Ferraretto.
Essa é uma das estratégias utilizadas pela Rádio Goioerê. Segundo o programador da emissora, Diogo Francisco de Assis, o foco é no conteúdo local, inclusive, com muitas participações diárias de ouvintes. “Nós vamos até eles, e em qualquer ponto da cidade conseguimos fazer a cobertura e informar em tempo real. Os ouvintes ficam ligados no rádio para saber sobre a oferta de empregos e temas importantes da região. Falamos muito da cultura local também, dando espaço aos cantores da cidade e ênfase à questão gastronômica com foco nos pratos típicos da região”, destaca.
Combate à desinformação
Credibilidade tem uma relação íntima com autenticidade. Por isso, as emissoras precisam deixar clara as suas identidades e dar profundidade a elas. “Também é fundamental apostar no profissional qualificado para estreitar os laços com a comunidade. Fazendo isso, se combate até a desinformação”, destaca Ferraretto.
Para construir a credibilidade é preciso ser autêntico e verdadeiro. É fundamental que a emissora tenha a sua própria forma de fazer rádio, de produzir conteúdo. “Cada rádio vai pegar esses parâmetros gerais de funcionamento para adaptá-los conforme seu público. Não têm duas emissoras com o mesmo tipo de público, mesmo as concorrentes, porque muitas vezes uma pessoa não gosta de um comunicador ou conteúdo, acaba optando por outra com qual se identifica mais, e isso já faz a diferença”, explica o professor.
É o caso da Rádio Kairós FM, de General Carneiro. O gerente da emissora, Ossimal dos Santos Costa, conta que a questão local tem grande relevância na rádio, inclusive, no momento de pandemia para informar à população, isso faz com que a rádio tenha muita credibilidade dentro da cidade.
“Fizemos uma campanha desde o começo com divulgação de informações sobre saúde, sobre a covid-19, os locais de atendimento, tudo para ajudar as pessoas neste momento difícil. Nós fazemos a diferença na cidade, que é pequena, e toda a população nos conhece e confia no nosso trabalho. Quando é preciso vamos até para dentro da casa dos ouvintes”, afirma.
Além disso, eles promovem a cultura local por meio de shows e festivais, que aconteciam antes da pandemia. “Fazíamos sempre os eventos da região, também vamos até a praça e colocamos as pessoas para cantar. Outra questão que damos enfoque é o turismo”, destaca.
O diretor da Agência RF e responsável pela Rede UP FM, Robson Ferri, lembra que emissoras ou produtoras de conteúdo nacional e estadual já disponibilizam este tipo de material em suas programações e na redes sociais, por isso recomenda que as emissoras estejam sempre abertas para enxergar meios de ter um conteúdo com DNA local. “Com sotaque e proximidade, para que seja possível dentro da área de atuação da rádio, criar até mesmo novas possibilidades comerciais”.
Uma alternativa é tentar enxergar os talentos da própria cidade. Isso vai muito além da postura vocal, da forma de falar, mas sim, em como se conectar de forma verdadeira com o público. “Além disso, para produzir conteúdo é importante começar enxergando dentro da programação quais são as atrações específicas que podem fazer a diferença se forem cortadas e distribuídas nas redes sociais”, explica.
Para Ferri, é fundamental estar aberto para participar da construção de novas possibilidades junto com a população e o setor empresarial. Afinal, os grandes players criam experiências para que você possa posteriormente investir. “A partir do momento que você tem ações coordenadas, com parceiros comerciais estratégicos, o primeiro passo pode ser bonificar, mostrar isso, fazer um pós-venda consistente de tudo que é feito no digital. Quando o parceiro enxerga que isso funciona e agrega valor, o dinheiro passa a ser um desafio muito menor a se conquistar, ele vai enxergar como mais um meio de trabalhar seu conteúdo, sua marca e fazer negócios”, explica.
FONTE: AERP - Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná