sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Setembro Amarelo: como identificar sinais de transtornos mentais no ambiente de trabalho



Entenda os sinais que mostram comportamentos depressivos ou crises de ansiedade e como lidar com eles em equipe

Por Amanda Yargas

A pandemia teve impactos diretos na saúde mental. Medo, isolamento e pressão foram fatores que levaram a um aumento de quase o dobro no número de casos de pessoas com depressão e de cerca de 80% nos casos de crises de ansiedade entre março e abril, logo no início da pandemia, segundo uma pesquisa da UERJ.

De acordo com a psicóloga corporativa Amanda Pscheidt, o home office trouxe uma carga maior de cobrança para as relações profissionais. De um lado, a chefia precisou aprender a gerir colaboradores à distância e sem as ferramentas de proximidade que existiam antes. Na outra ponta, muitos funcionários relataram que passaram a trabalhar mais, enfrentado maiores cobranças em relação à produtividade e uma dissolução do horário de trabalho.

“A gente não deve romantizar essas rotinas exaustivas e até essas cobranças excessivas. A gente vê muito esse aumento de carga de trabalho para oferecer mais, para mostrar mais. E o problema disso é que a pessoa pode começar a se sentir exausta e mais ansiosa e isso impacta na saúde mental”, explica a psicóloga.

Já a depressão é a doença que mais afasta profissionais do trabalho, chegando até a 75% daqueles que são afetados por ela. Dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho mostram que, em 2020, os pedidos de afastamentos e aposentadorias por invalidez devido a transtornos mentais cresceram 26%, em comparação com 2019.

E a psicóloga alerta ainda que o retorno ao ambiente de trabalho, apesar de benéfico à sociabilidade entre os colaboradores, vai ser um processo de readaptação e pode trazer novos pontos de estresse e ansiedade.

Sinais de saúde mental abalada

Segundo Amanda Pscheidt, pessoas que sofrem algum acometimento psicológico costumam ter alterações de comportamento. “ O primeiro sinal que a gente vê é justamente essa mudança drástica de conduta. Então uma pessoa que era mais extrovertida no ambiente de trabalho, que era mais falante, que era mais alto astral, ela começa a ficar um pouco mais apática e tende a se isolar”, comenta.

A psicóloga elenca fatores que podem indicar alterações na saúde mental:


Mudança de perfil comportamental
Evita falar com as pessoas ou aparecer na câmera
Isolamento social, mesmo por meios digitais
Irritabilidade ou agressividade exacerbada,
Falta de motivação
Baixa autoestima
Dificuldade para lidar com feedbacks negativos
Queda injustificada na produtividade

Um ponto importante a considerar é que essas alterações não sejam pontuais, o que pode acontecer por momentos com maior demanda de trabalho ou uma situação que provoque tristeza. Essas mudanças indicam um problema quando são permanentes e esses sinais devem ser observados por colegas de trabalho e pela chefia.

Rede de apoio – Ao perceber essa mudança no padrão de conduta, a psicóloga orienta que colegas de trabalho, chefia e os profissionais dos Recursos Humanos das empresas devem estar preparados para dar apoio.

“Oferecer uma escuta sincera, uma escuta empática, ser um bom ouvinte, justamente para acolher o sofrimento dessa pessoa e se, for o caso, direcionar para profissionais para ajudá-la e oferecer um tratamento correto.”, orienta.

Lidando com o luto coletivo

Com o grande número de vítimas da covid-19, muitas empresas precisaram lidar com o luto por um colega de trabalho. A psicóloga explica que a forma como cada pessoa vive essa perda é particular, definida pela competência emocional e as experiências de vida, mas o processo geralmente passa por cinco fases: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação.

Como, nesse caso, a dor e o processo de superação acontece para várias pessoas ao mesmo tempo, a psicóloga orienta, além de acolhimento, o diálogo. “Que o RH, os colegas realmente conversem sobre o assunto e que haja empatia pelas pessoas que estão passando por esse processo de superação de perdas”.

FONTE: AERP - Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

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