» » Sinal de rádio detectado no centro da galáxia é diferente de tudo já observado


Astrônomos detectam há alguns anos uma série de emissões de rádio misteriosas, conhecidas como rajadas rápidas de rádio (FRBs, da sigla em inglês), mas o novo sinal descoberto é ainda mais estranho. Na verdade, o sinal encontrado próximo ao centro da Via Láctea é diferente de qualquer outra coisa já estudada.

Descoberta através do radiotelescópio Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ou simplesmente ASKAP), a fonte de rádio recebeu um nome que remete ao instrumento: ASKAP J173608.2−321635. Trata-se de uma emissão brilhante que dura algumas semanas e, então, desaparece. O mais curioso é a ausência de qualquer sinal em outro comprimento de onda do espectro eletromagnético, como o infravermelho ou raio-X.

Sem nenhuma outra emissão além do rádio, os cientistas concluem que a fonte não é do mesmo tipo que emite as FRBs, já que estas costumam ser acompanhadas de um sinal de raio-X. Isso significa que essa detecção pode apontar para "uma nova classe de objetos sendo descobertos por meio de imagens de rádio", disseram os autores do novo estudo que detalha a descoberta.

Outra característica peculiar é que entre 2019 e 2020, o sinal apareceu nos dados do ASKAP 13 vezes, mas com periodicidade variável. Em outras palavras, os sinais são repetitivos, mas não é possível prever quando eles desaparecerão ou voltarão a brilhar. Isso exclui os pulsares, por exemplo, que emitem sinais de rádio que se repetem em períodos precisos, como um relógio.

Também é pouco provável que se trate de magnetares — os principais candidatos a fonte das FRBs —, porque esse tipo de estrela morta sempre emite rajadas de rádio junto de raios-X. Esse não é o caso do ASKAP J173608.2−321635. Resta, então, apenas um tipo de objeto que pode ser comparado ao novo sinal: algo chamado transiente de rádio do centro galáctico (GCRT).

Os GCRTs são um tipo de fonte de rádio que emite um sinal rápido e logo decai após algumas horas. Eles ficam perto do centro da Via Láctea, brilham no rádio de forma semelhante ao objeto ASKAP, e não emitem nenhum sinal em outro comprimento de onda, como raios-X. Até o momento, apenas três GCRTs foram confirmados e não se sabe exatamente o que são.

Mas há uma grande diferença entre os GCRTs e a nova fonte ASKAP, que é o tempo de duração das emissões. Enquanto os sinais de rádio dos primeiros duram poucas horas, o novo objeto brilha durante semanas, antes de desaparecer. Se a fonte ASKAP for um objeto da mesma categoria dos GCRTs, significa que eles podem ser mais estranhos e diversos do que os astrônomos pensavam.

Por enquanto, não há como deduzir o que poderia causar o novo sinal de rádio, já que não há nada já estudado que se assemelhe a este fenômeno. Portanto, a expectativa é que as próximas gerações de radiotelescópios, como o Square Kilometer Array (SKA), que será o maior do mundo, com previsão para ser concluído em 2029, consigam nos trazer uma resposta.

Fonte: Space.com

Postado por César Oliveira

O portal da galera do rádio
«
Proxima
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga
Comentários

Nenhum comentário :

Deixe uma resposta