O comentarista Adrilles Jorge, da Jovem Pan, chamou atenção nesta terça-feira (8), após ter reproduzido um gesto com a mão direita imediatamente associado por espectadores à saudação nazista "Sieg Heil", ao fim de um debate sobre as declarações dadas pelo ex-apresentador do Flow Podcast, Bruno Aiub, conhecido como Monark, de 31 anos, que defendeu, na segunda-feira (7), a liberação para a criação de um partido nazista no Brasil. Ele foi demitido pela emissora e negou que tenha tido a intenção de reproduzir o aceno.
"Fui demitido da Jovem Pan . Por dar um tchau deturpado por canceladores. Infelizmente a pressão de uma turba canceladora e sua sanha de sangue surtiram efeito . Agradeço à Jovem Pan pela oportunidade e a todos os amigos que lá conquistei e que em mim confiam e apoiam", defendeu-se o comentarista em sua rede social. Ao fim do programa, no entanto, é possível ouvir o jornalista William Travassos reagindo ao gesto: "Surreal, Adrilles".
Adrilles justificou que, durante todo o tempo em que comentou o caso de Monark, se posicionou contra o nazismo, mas pediu desculpas à comunidade judaica que se sentiu ofendida. Segundo ele, seu tchau foi irônico e de forma "galhofeira".
— Eu não fiz rigorosamente nada. Sou anti-nazista por natureza. Por outro lado, posso até pedir desculpas pelo calor do momento a pesoas que eventualmente tenham se enganado em relação ao meu gesto, particularmente à comunidade judaica. Eu jamais faria, nunca, de forma alguma, um gesto ignominioso a título de gracejo ou qualquer outra coisa. Até porque, reitero, nos 30 minutos que precederam a minha despedida, o meu tchau meio irônico, de uma forma meio galhofeira, não houve qualquer outra coisa, senão a condenação absoluta, total e irrestrita desse movimento pavoroso que é o nazismo, que não cabe nenhum tipo de brincadeira, aceno ou gracejo — disse em gravação publicada.
Nesta quarta-feira (9), após a demissão do ex-BBB, a Jovem Pan emitiu um comunicado, onde, sem citar o nome de Adrilles, afirma que dá limites aos seus comentaristas, porém respeitando os limites da lei, e que não endossa qualquer manifestação que leve a discurso de ódio.
"O Grupo Jovem Pan repudia qualquer manifestação em defesa do nazismo e suas ideias. Somos veementemente contra a perseguição a qualquer grupo por questões étnicas, religiosas, raciais ou sexuais. No exercício diário de informar e esclarecer a nossa audiência, prezamos pelo livre debate de ideias, mas não endossamos qualquer tipo de manifestação que leve ao discurso de ódio e que remeta a um episódio da nossa história que deve ser lembrado como símbolo de um erro da humanidade, que não deve jamais ser repetido. Nossos comentaristas têm independência para emitir opiniões respeitando os limites da lei, opiniões essas que não refletem posições do Grupo Jovem Pan".
FONTE: O GLOBO