A Zona Norte da cidade São Paulo tem muito a ver com a invenção do rádio, há mais de 100 anos. Essa ligação se deve exclusivamente ao padre e cientista gaúcho Roberto Landell de Moura, que na época (1899) serviu no Colégio de Santana, e na capela anexa, ao lado do Mirante de Santana/Jardim São Paulo.
Ali se desenvolveu toda a sua história, e nesta sequência a grande e revolucionária invenção, mas quem recebeu os louros foi o italiano Guglielmo Marconi, na controversa autoria da proeza. O gênio brasileiro foi esquecido como legítimo inventor — como até hoje surge a polêmica do brasileiro Santos Dumont com os americanos Irmãos Wright
O padre dividia seu tempo entre a liturgia, orações e confissões, mas tinha, por outro lado, a sua vocação pela ciência junto às ideias e invenções. O tempo e as pesquisas mostram que Landell realizou em 1838 a primeira transmissão de sinais via rádio – e mais seis anos após o grande feito na primeira transmissão da voz.
O seu concorrente italiano Marconi somente em 1896 montava a telegrafia sem fios – ainda assim com equipamentos do inventor norte-americano Nikola Tesla. Mas a diferença está entre as datas e o registro de patente.
O tempo passa
A roda do tempo foi adiante, mas o jornalista, pesquisador e escritor Hamilton de Almeida abraçou essa história levando Landell em vários artigos, reportagens e livros – até em exposições. O jornalista tornou-se um defensor e até uma espécie de biógrafo do padre e inventor gaúcho.
Com isto, na sequência de uma série de ações, vários atos de reconhecimento pelo Senado Federal em homenagem com o nome do inventor no ´´Livro dos Heróis da Pátria´´, ao lado de mais de 63 personalidades brasileiros importantes em várias áreas, de Padre Anchieta, Tiradentes, Dandara e Zumbi dos Palmares aos dias de agora, entre outros. (´´Conheça os heróis e heroínas da Pátria´´– acesse o livro: clique aqui)
A história do rádio
Mais um reconhecimento veio da Câmara dos Deputados, com a exposição ´´Rádio: Centenário e Antenado´´, que aconteceu no mês passado no Corredor Tereza de Benguela. E transformada agora em virtual, com o ano a ano da história da invenção e da implantação das emissoras de rádio no Brasil, com o apoio de fotos antigas e um infográfico.
A publicação apresenta a primeira transmissão radiofônica na forma experimental em 7 de setembro de 1922, que surgiu nas mãos de Roquette Pinto, no Rio de Janeiro. Em seguida, as transmissões com potências e raios pequenos. Aos poucos foi crescendo no país, chegando aos lares oito anos depois.
Ano a ano com retransmissões, potências e mais aparelhos chegando aos quatro cantos. Hoje, o Brasil marca mais de 10 mil emissoras, sendo cerca de 4,5 mil em Frequência Modulada (FM) e de 1,8 mil em AM, e ainda próximo de 4 mil comunitárias. Quase todas chegaram nas ondas da internet para o mundo.
Um perigo para o rádio aconteceu em 1950, com a chegada da televisão no Brasil. Mas o medo passou e os dois formatos conviveram em seus respetivos campos, sem problemas. Na era tecnológica, o rádio hoje está incorporado com imagens nos estúdios e passam a disputar informações e programas, sendo também incorporadas na internet (YouTube). As ondas radiofônicas são captáveis com clareza nos celulares.
O passado de Landell atingiu o ápice da modernidade de seu invento e atingiu o mundo em mais de 195 países com cerca de 50 mil emissoras entre comerciais e comunitárias, excluindo as via satélite e as digitais — sem contar as piratas.
O importante registro da Câmara Federal
Tudo isto é uma parte resumida da história. A Câmara dos Deputados abriu espaço para mostrar a trajetória, em ambiente virtual, dos mais de 100 anos do rádio no Brasil. De uma forma livre e gratuita para conhecimento geral, os interessados podem navegar na linha do tempo, desde o invento de Padre Landell até os dias de hoje, na era das mídias sociais — onde também as rádios fazem suas entradas.
O início de tudo é 1899, com o invento de Padre Landell, e vai seguindo ano a ano com a evolução das experiências e a implantação das emissoras de rádio. Referências a Roquette Pinto, a chegada das emissoras, os programas de estúdio e auditórios das rádios, apresentadores e os ´´speakers´´nas transmissões esportivas.
Mais outras novidades com o primeiro jingle, a criação da Voz do Brasil, a chegada do Chacrinha, os cantores nos estúdios e a chegada até o momento, com muitos dados, áudios e pesquisas.
ESPECIAL COM DETALHES / ÍNTEGRA DA EDIÇÃO VIRTUAL === Tudo isto está na história do rádio no Brasil, produzido pela Câmara dos Deputados. Vale a pena acessar o link: clique aqui
Os ´´Cem anos do Rádio no Brasil´´ tem uma programação especial e comemorativa da Rádio Câmara, com programação de eventos até dezembro de 2023. Confira: clique aqui
Documentário/Vídeo == Assista o documentário abaixo, veiculado no Youtube, com a história do invento e do Padre Landell, com vários depoimentos – clique na imagem: